Professor de Matemática da UFCG tem trabalho aprovado em Chamada Universal

A Universidade Federal de Campina Grande foi premiada com a concessão de 43 bolsas para projetos aprovados na Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As pesquisas estão espalhadas por diversas áreas do conhecimento dentro da Universidade, e o Centro de Ciências e Tecnologia está representado nesse número. Exemplo disso é a investigação coordenada pelo professor Claudemir Fidelis, na área de Matemática e Estatística. A aprovação garante o estímulo financeiro por parte do governo federal durante três anos de pesquisa.

“Isso é muito bom. A Matemática, diferentemente de outras áreas, enfrenta uma dificuldade nas pesquisas porque é, muitas vezes, bastante teórica, e aprovar e publicar trabalhos é sempre muito difícil”, disse o professor, que atua na Unidade Acadêmica de Matemática (UAMat).

O projeto enviado ao CNPq consiste em responder sete perguntas dentro do campo da PI-Álgebra. “Em outras palavras, existe um grande campo de pesquisas, que engloba, por exemplo, a Álgebra Comutativa. Dentro dele, estamos buscando respostas para vários problemas específicos, e os resultados vão servir para os próprios pesquisadores na Matemática, como ferramentas para possibilitar novas descobertas”, explicou Claudemir.

Embora as publicações sejam mais raras no campo da Matemática, as investigações coordenadas pelo professor estão de vento em popa. Dos sete problemas analisados, três já estão parcialmente respondidos, um está em processo avançado e os outros três na fase de levantamento bibliográfico. Os trabalhos do professor, inclusive, vêm sendo reconhecidos a nível nacional. Em outubro, sua tese concorreu ao prêmio de melhor do ano publicada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), recebendo menção honrosa ao final.

“Nossos trabalhos são muito menos práticos do que teóricos. Problemas surgem por parte de todas as áreas, como Física, Química e tantas outras. O que ganha pouco destaque é o fato de que nós, matemáticos, atuamos por baixo dos holofotes para criar condições e dar ferramentas, formalizar estruturas para que esses problemas sejam solucionados e tenham suas aplicações práticas na sociedade”, contou.

É o que ele chama de “Matemática Pura”, ou “Matemática pela Matemática”. Esforço que está sendo cada vez mais bem visto no mundo acadêmico. Para se ter uma ideia, o Brasil está no grupo de elite da Matemática a nível mundial, segundo a União Matemática Internacional (UMI), ao lado de países como Alemanha, EUA, Canadá, China, França, Rússia e Reino Unido. O país é responsável por 2,4% de toda produção científica na área no mundo, e a UFCG também vem tendo sua participação reconhecida. O próprio Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) citou a Universidade como referência.

“Aplicação das pesquisas é importantíssimo, mas é preciso que se tenha base, ferramentas para trabalhar. A Matemática está em tudo, até no que não é aplicável ou facilmente observado”, disse. “Costumo dizer que há três tempos pra esses estudos: aquilo que já serviu, o que serve e o que vai servir no futuro. As pesquisas que fazemos hoje, talvez só sejam realmente aplicadas dentro de dez anos ou mais, mas significam evolução a cada passo”, finalizou.