ÚNICA DO NORDESTE, UFCG REPRESENTARÁ O BRASIL EM COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE ENGENHARIA, NA ESPANHA

(Matéria publicada na 10ª UFCG Revista)

A Universidade Federal de Campina Grande será o Nordeste em competição estudantil internacional. Mais do que isso: ao lado da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI/MG), os meninos e as meninas da UFCG vão representar o Brasil no VI Moto Student, disputa organizada pela Moto Engineering Fundation em que o objetivo é a construção de um protótipo de motocicleta. No total, 38 equipes de todo o planeta estarão no Parque Tecnológico del Motor de Aragón, na Espanha, em outubro de 2020, e o Laboratório de Engenharia de Motocicleta (LabEM/UFCG), a equipe Galo de Campina, não poderia ficar de fora.

A competição, na verdade, já começou. A disputa presencial, em terras espanholas, acontece a cada dois anos. Mas desde a inscrição e aprovação, que ocorreu em abril deste ano, os alunos já estão em efetiva disputa. É que essa não é apenas uma competição física, mas também e especialmente teórica. Antes de entrar no autódromo e ligar os motores, os estudantes devem enviar relatórios de sua produção a cada etapa, e com isso vão adquirindo pontos para quando chegarem ao ápice do torneio. Inclusive, para ligar o motor é preciso que haja um, e o primeiro desafio da equipe é justamente criar um protótipo a partir do zero.

“Temos um modelo montado, o que utilizamos na última competição. Mas, para esta edição, ele não pode valer. A ideia é que criemos algo desde o início. Precisamos elaborar, montar, pensar o projeto por completo, e é isso que define o campeão. Ou seja, esse primeiro momento de disputa é totalmente teórico, temos que enviar relatórios frequentes, nas datas definidas e com as exigências da organização para mostrar como está a evolução e o andamento. Tudo o que relatarmos deve ser implementado no protótipo, já numa segunda etapa dos trabalhos”, explicou o capitão da Galo de Campina, Matheus Teixeira, acrescentando que a fase de fabricação está programada para ter início ainda este ano; e já no próximo, os primeiros testes.

Essa é a segunda vez que a UFCG está representada no MotoStudent. Em 2018, o LabEM participou e chegou a competir na Espanha. No entanto, por problemas financeiros e de logística, a equipe não conseguiu viajar com seu protótipo, restringindo sua participação à parte teórica. Mesmo assim, voltou para Campina Grande com resultados positivos: das 46 equipes que competiram em sua categoria, ficou em 19º no quesito Inovação; em 25º no Design; e em 31º no Projeto Industrial. Desta vez, então, os objetivos e a confiança são ainda maiores. Só se engana quem pensa que o foco é apenas na classificação.

“O MotoStudent é um evento muito complexo e extenso, e de extrema importância. A gente compete com universidades do mundo todo, as maiores empresas estão ali. É uma chance de mostrar o que a gente sabe, mas acima de tudo aprender. O ganho de aprendizagem durante todo o projeto, estudando para conseguir o melhor desempenho lá, é imenso, fora a experiência de ir participar de um evento desse nível, internacional, conhecer outras equipes do mundo, ver como trabalham, ter esse contato direto e ainda poder colocar no currículo uma experiência dessa, o que é totalmente relevante na hora de conseguir estágios ou mesmo emprego após formado. É algo que não acontece dentro de sala de aula. Sem falar no orgulho que é representar a Paraíba”, contou Matheus.

O LabEM atualmente é composto por alunos das engenharias Mecânica, Elétrica e de Produção, além de estudantes do curso de Design. Tudo sob a coordenação do professor Wanderley Amorim, da Unidade Acadêmica de Engenharia Mecânica (UAEM/CCT).

“Enquanto professor, eu vejo a competição como consequência. Importa mesmo é saber a contribuição dada na formação desses garotos. Só existe uma maneira de formar o engenheiro mecânico: são os projetos. É neles que os estudantes adquirem habilidades diversas, de fabricação, desenvolvimento, teste, pesquisa, sem falar de conhecimentos em gestão, liderança e tantos outros. Isso não se paga”, comentou o coordenador do projeto, que também embarcará com a equipe em 2020. “Já recebi muita ligação de empresas procurando alunos para estágios e desejando especialmente aqueles envolvidos em projetos desse tipo. Eles sabem que os estudantes vêm com uma bagagem diferenciada. E além da experiência, dali saem constantemente projetos de pesquisas, trabalhos de conclusão de curso, exposições em congressos, fabricação de peças”, comentou.