“Sala de aula invertida aumenta presença na aula”, diz especialista
Para quem não está muito familiarizado, o conceito de sala de aula invertida pode soar um tanto estranho. O que seria uma sala de aula invertida? O aluno vira professor? Uma mudança física na sala? Muitos são os cenários, porém, o conceito envolve basicamente o aluno ter autonomia no aprendizado. Diretora do GEN Educação, no Grupo Editorial Nacional, e doutora em educação, Andrea Ramal defende a metodologia como parte da educação do futuro.
“A sala de aula invertida é um modelo metodológico mais alinhado com as novas formas de aprender, pois confere ao estudante mais autonomia, estimula seu protagonismo e seu papel mais ativo, além de partir dos princípios de flexibilidade e personalização”, conta.
Segundo Andrea, ao se fazer a inversão, desloca-se o aluno do papel de ouvinte passivo e ele se torna participante fundamental de seu aprendizado. O motivo? Cabe a ele a responsabilidade de vir preparado para a aula e tirar o melhor dela. “A mudança se percebe de imediato na aprendizagem e nas notas dos alunos. Estas chegam a ser quase duas vezes maiores que a de alunos que tiveram aulas com a metodologia tradicional. Conheço casos em que um aluno que teve aulas com a metodologia de sala de aula invertida aprendeu até o dobro que um que participou de aulas tradicionais, no mesmo intervalo de tempo.”
Mas como colocar isso em prática? Apesar de parecer um tanto complexo, a metodologia é, na verdade, muito prática. “A proposta da sala de aula invertida é similar a um aluno ler um livro escolar e tirar dúvidas depois com o professor. A leitura antecipada incita o raciocínio prévio e eleva o papel do professor. Este passa de expositor para orientador ou dinamizador, auxiliando e incentivando o aprendizado mais profundo do aluno quando este traz dúvidas, raciocínios e discussões prévias. O aluno estuda antes o conteúdo em casa e, depois, na aula, tira suas dúvidas e faz exercícios, discussões, estudos de caso e outras atividades que envolvem interação”.
Engana-se quem acredita que o conteúdo precisa necessariamente ser ministrado em vídeo. O material pode ser apresentado ao aluno das mais diferentes formas, indo desde leituras a tarefas de casa. O importante é que o estudante esteja a par do que será estudado. “Os trabalhos de casa servem como preparação, retenção e avaliação de aprendizagem do aluno”, explica Andrea.
Como resultado, alunos mais engajados, uma aula mais produtiva e menos tempo explicando o conteúdo. Porém, nem tudo é simples. Existem desafios e eles envolvem ambos os lados. “Os principais desafios estão na necessidade de autonomia e autodisciplina por parte dos estudantes. Além disso um desafio está na mudança do perfil de professor. Em vez de expor longas explicações, como se fosse um apresentador de conteúdos, o professor passa a ser um orientador de estudos e mentor do itinerário de aprendizagem de cada estudante.”
No Brasil, apesar de ainda pouco difundida, a metodologia já alcançou bastante sucesso. Um deles é no IME – Instituto Militar de Engenharia. O outro, na Mackenzie. “Ambas estão usando no ensino de Engenharia, o que é bem interessante, pois costuma-se associar a sala de aula invertida a áreas como humanas e ciências sociais, enquanto que na verdade ela pode ser bem aplicada em qualquer disciplina e área do conhecimento”, conta.
(Universia)