PROJETO APLICA EM ESCOLA CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ORIENTA FORMAÇÃO DE JOVENS
O aluno Eduardo Gomes, da Unidade Acadêmica de Design (UAD/UFCG), apresentou na última semana, no Recife, o projeto intitulado “OS RESÍDUOS SÓLIDOS SOB O CRIVO DO ECODESIGN PARA A FORMAÇÃO DE JOVENS NO ESPAÇO ESCOLAR”. O trabalho foi destaque no V Congresso Brasileiro de Resíduos Sólidos e VII Encontro Pernambucano de Resíduos Sólidos (EPERSOL), garantindo espaço, inclusive, no eBook a ser publicado em 2019 pela Editora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Edurfe), em conjunto com o Grupo de Pesquisa Gestão Ambiental de Pernambuco (Gampe).
Além do sucesso acadêmico, o projeto do estudante da Universidade Federal de Campina Grande chamou a atenção por trazer resultados práticos: todo o estudo de caso e a aplicação dos métodos de resolução de problemas foram realizados na Escola Cidadã Integral “José Bronzeado Sobrinho” (ECI JBS), no município de Remígio, na Paraíba. E tudo começou a partir de um sonho pessoal.
“Sou remigense e tinha interesse em propor algo realmente relevante pra minha terra. Achei no Ecodesign essa oportunidade de aliar meus conhecimentos e todo o aprendizado que vinha obtendo no curso com uma aplicação prática, podendo correlacionar os processos de Design em espaços não comerciais. Isso me permitiu contribuir de alguma forma para aquela comunidade. O problema é que, no início, não havia ainda nenhum projeto nessa área e, muito menos, algum voltado para aquela região”, explicou Eduardo.
Foi então que o estudante teve a ideia de iniciar a investigação no campo ambiental, envolvendo, entre outros tantos temas de interesse e urgência pública, os resíduos sólidos. A escola foi facilmente selecionada. “Escolhi uma instituição que adota o modelo cidadão integral, ou seja, visa um currículo inovador, a formação da autonomia, foca no projeto de vida do estudante. Entende-se, nesse sistema, que a escola deve contribuir para formação de vida do aluno, e aí especialmente entra também a questão ambiental”.
A proposta de análise foi aplicada em março deste ano na escola. E logo foram encontradas deficiências pontuais. Por exemplo, segundo relatado no projeto, o modelo cidadão que vinha sendo aplicado ali não estava conectado com a realidade local: buscava discutir projeto de vida, mas o aluno ainda não era posto como protagonista da história, não captava a importância daquilo para sua formação. Observou-se também que a gestão escolar não era participativa quanto a resíduos sólidos: “havia manutenção e limpeza, mas não uma discussão eficaz sobre essas questões. Tampouco havia destinação correta de resíduos: nem alunos, nem professores e nem equipe de serviços gerais identificavam esses aspectos que deveriam estar conectados com a dinâmica curricular. Além disso, havia uma clara ausência de parcerias voltadas a questões do meio ambiente”, pontuou o autor do projeto.
Com as descobertas e o andamento dos trabalhos, a investigação logo foi aprovada para ganhar uma bolsa de extensão na Universidade (Probex/UFCG), no projeto Design e Sustentabilidade, sob coordenação do professor Marconi Luiz França, e agora com outros quatro alunos colaboradores. E então não parou mais.
“As observações nos fizeram perceber que existiam algumas alternativas de enfrentamento do problema, desde a abordagem sustentável até a formação de lideranças locais atentas e opções que dessem suporte ao modelo curricular ali presente”, contou Eduardo. “Isso tudo lida diretamente com uma questão que o próprio Ecodesign aborda diariamente: fazer com que um produto, sistema ou serviço tenha uma diminuição de recursos de espaço de energia. Por exemplo, uma simples garrafa de refrigerante que o aluno joga no lixo, é fato que ela foi desenvolvida por alguém, pela indústria, por uma equipe de projetistas que pensou nela desde a sua concepção. Mas que estratégias, considerando o pós-consumo, temos para que essa garrafa, ao invés de parar no lixo, se transforme numa alternativa de renda e atenda ao próprio conceito básico do desenvolvimento sustentável? O ponto é esse, buscar o que é ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo”, finalizou.
Atualmente, objetivando contribuir cada vez mais na implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em Remígio, o projeto segue ativo e em constante crescimento. Ele conta agora também com o apoio da direção de planejamento urbano de Remígio e de integrantes da Câmara Municipal. Após concluir atividades conceituais, o objetivo é iniciar, já nesta sexta-feira (14/9), a confecção de produtos, entre joias ecossustentáveis, lixeiras modulares, reaproveitamento têxtil e mobiliário escolar. Além disso, estão sendo elaboradas apresentações das atividades para divulgação em eventos científicos de educação ambiental e design sustentável.
“No final, é isso: queremos identificar onde e como o Ecodesign pode atuar. A partir do momento que delimitamos o problema, seu contexto e enfrentamento, passamos a trabalhar com estratégias industriais, brainstorms, pensamento criativo, painéis semânticos e outras metodologias e estratégias adequadas”, encerrou o autor.