LABDES É REFERÊNCIA NACIONAL EM ESTUDOS AMBIENTAIS
O Brasil enfrenta uma crise histórica. Entre agosto de 2020 e setembro de 2021 foi registrada a pior seca em 91 anos. Os reservatórios se encontram no menor nível desde 2015 e as perspectivas não são animadoras. Estações mais secas que a média têm sido a regra dos últimos anos, o que afeta diretamente a oferta de água potável para a população. Dados da Organização da Nações Unidas (ONU) revelam que a escassez de água potável atinge mais de 40% das pessoas do mundo. No Brasil, os números são menos alarmantes: cerca de 16,5%. Mesmo assim, são preocupantes. Significam que 35 milhões de brasileiros não tem acesso a água potável.
Uma das soluções possíveis para o enfrentamento do problema, principalmente em pequenas comunidades rurais, é a dessalinização da água, processo físico-químico de retirada de sais da água, tornando-a doce e própria para o consumo. Estudos nesse sentido já vêm sendo realizados, há alguns anos, no Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que conta com diversos laboratórios e oficinas para análises e desenvolvimento de soluções de purificação da água.
Recentemente, o Labdes apresentou pesquisas desenvolvidas para reuso, purificação e dessalinização de águas com grande repercussão social; fundou o Centro de Tecnologias de Testes de Dessalinizadores (CTTD), em cooperação com o Instituto Nacional do Semiárido (Insa); apresentou projeto de despoluição do Açude Velho às secretarias municipais de Campina Grande, além de desenvolver soluções para expansão do acesso à água potável no Semiárido Nordestino, entre outras atividades.
Mas não é de hoje a dedicação e trabalho do laboratório, que foi implantado na universidade em 2003, abrangendo diversas áreas de conhecimento da ciência e tecnologia, para estudar e procurar resolver problemas, de ordem social e ambiental. No começo dos anos 2000, o professor Kepler França, coordenador do laboratório, liderou um projeto inovador no intuito de desenvolver um sistema autônomo de dessalinização da água do mar na ilha de Fernando de Noronha, sistema que perdura até os dias de hoje, levando água potável para a comunidade local.
Atualmente, os esforços do Labdes estão em viabilizar soluções para a problemática da carência de água potável para a população do estado, diante da escassez hídrica na região. Uma destas soluções é a criação de uma membrana feita à base de cerâmica – a partir de matérias primas naturais – com grande eficácia no processo de purificação da água.
Além de demonstrarem uma ótima capacidade no processo de remoção de impurezas, possuem um baixo custo de produção mais sustentável do que as membranas cerâmicas à base de matérias-primas sintéticas comercializadas internacionalmente. “São projetos de baixo custo que podem beneficiar as comunidades rurais e evitar o êxito rural durante a seca. Este é um foco muito importante para nós”, afirmou o cientista.
Energia limpa
Além disso, o laboratório também tem se dedicado paralelamente no campo da produção de energia limpa mediante pesquisas com energia eólica, obtida através da força do vento, por exemplo. “Dentro deste contexto, existem outros projetos, como a produção de energia limpa a partir da energia eólica e fotovoltaica para produção de hidrogênio eletrolítico, para ser utilizado como fonte de energia. É o hidrogênio verde”, explicou Kepler.
Para o professor, o papel do Labdes na realização destas pesquisas é fundamental para cumprir o seu propósito enquanto catalizador de soluções práticas para a sociedade, promovendo uma maior integração da universidade no cotidiano das pessoas.
(Ascom CCT/UFCG)