Dois jovens pesquisadores da UFCG são selecionados em Chamada Universal do CNPq. Eles são os únicos representantes de Campina Grande na categoria

Dois jovens pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande estão entre os aprovados na Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo objetivo é selecionar propostas para apoio financeiro a projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação do país. Josué Buriti e Solomon Amoah são os únicos representantes de Campina Grande na categoria Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais. A Paraíba tem seis aprovados no total.

“É uma conquista muito especial. A Chamada é bastante disputada, pesquisadores do Brasil inteiro concorrem. Pra se ter uma ideia, alguns professores renomados hoje em dia não conseguiram ser aprovados nas suas épocas. Muitos vieram nos parabenizar e reconhecer o resultado. É uma satisfação imensa”, contou Solomon.

Solomon, que nasceu na cidade de Bauchi, na Nigéria, mas morou quase toda a vida em Acra, capital e maior cidade de Gana, vive no Brasil há 14 anos. Chegou pelo sul. Aprendeu o idioma, ingressou na graduação em Farmácia e emendou Mestrado e Doutorado, todos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. No início deste ano, a convite do Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (CERTBIO), do Centro de Ciências e Tecnologia da UFCG, tornou-se pesquisador do laboratório e membro voluntário do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais da Universidade.

Seu projeto é um estudo relacionado às propriedades de um fio de sutura utilizado para reparação de tecidos. Aborda a investigação da qualidade, o controle de quantidade de fármacos envolvidos no processo e sua melhor aplicabilidade. Os fios com fármacos presentes no processo, inclusive, são desenvolvidos por uma aluna de doutorado da própria Universidade, Milena Costa.

Já o trabalho de Josué, também desenvolvido no CERTBIO, tem perspectiva de aplicação direta na Medicina e Odontologia. Trata-se da utilização de biomateriais que podem melhorar atividades diversas, como as microbianas, ou seja, favorecem a regeneração óssea, por exemplo. “É um estudo que já leva anos, mas a novidade que trazemos está na obtenção dos materiais e no processo, que tendem a garantir maior simplicidade, modernidade, e custos mais baixos do que já se conhece”, explicou Buriti.

No caso dele, um dos materiais é o biopolímero Quitosana, por exemplo, que é obtido de carapaças de camarão obtidas no nordeste brasileiro.

Josué e Solomon foram aprovados na Faixa A da Chamada. Ela garante até R$ 30 mil aos selecionados. Podiam inscrever-se doutores formados a partir de 2011. Entre os critérios de avaliação, consideram-se as perspectivas de aplicação do estudo, o potencial das pesquisas, a experiência dos coordenadores, além de aspectos formais de escrita e elaboração do projeto. “O reconhecimento é o maior prêmio, mostra que estamos caminhando na direção certa. Mas a aprovação também vai ajudar na obtenção de insumos, materiais e, especialmente, para estimular e capacitar mais pesquisadores da área, jovens estudantes. Quando eu era apenas um aluno de iniciação científica, aconteceu algo parecido comigo, e foi um estímulo importante. Tanto que estou aqui hoje”, comentou Buriti.

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