CNPq celebra a matemática durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Entre os dias 23 e 29 de outubro, o país inteiro terá a oportunidade de conhecer um pouco mais da ciência que é feita nas instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Atividades espalhadas em feiras, apresentações, exposições e outras iniciativas de divulgação científica em todas as 27 unidades da Federação compõem a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), evento que completa este ano sua 14ª edição.
Criada para difundir a produção científica e tecnológica entre o público leigo e popularizar a ciência no Brasil, a SNCT 2017 contou com um incremento inédito, uma chamada de apoio a projetos lançada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Por meio dessa chamada, 189 projetos de eventos de divulgação e popularização da ciência, particularmente da matemática, de abrangência regional ou estadual/distrital, receberam aporte para a concretização da SNCT sob a temática A Matemática está em Tudo, em consonância com as comemorações do ‘Biênio da Matemática 2017-2018’ no Brasil. Todas as regiões do país foram contempladas, representando uma importante abrangência do apoio federal ao evento.
O valor global do financiamento é de R$ 5,4 milhões, distribuídos entre instituições públicas federais, estaduais e municipais ou privadas sem fins lucrativos de educação e/ou ciência e tecnologia.
Para a Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Profª. Adriana Tonini, a divulgação científica possui importância fundamental no contexto de democratização do conhecimento científico e tecnológico, pois permite que o conhecimento que é produzido dentro de laboratórios, centros de pesquisa e universidades seja traduzido para uma linguagem mais clara e disseminado para o público em geral.
A diretora cita, como efeitos das atividades de divulgação científica e da circulação de conhecimento que elas promovem, a melhoria na qualidade do ensino de ciências, o estímulo do interesse de estudantes da educação básica pelas carreiras científicas, bem como, de uma maneira geral, uma maior aproximação entre a ciência e a sociedade, já que essa última tem oportunidade de conhecer os benefícios da ciência e da tecnologia para seu cotidiano e para a melhoria de sua qualidade de vida.
Nesse sentido, Adriana Tonini lembra que o apoio à SNCT é parte de uma atuação bem mais ampla de apoio às atividades de divulgação e popularização da ciência pelo CNPq. “Essas atividades possuem prestigiada entrada na agência ao contar com um Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica (CA-DC), vinculado à DEHS, que é um dos mais recentes Comitês do CNPq”, reforça. No entanto, a Diretora lembra que esse Comitê ainda possui demanda aquém dos desafios e oportunidades colocadas para a área no Brasil.
“Iniciativas como a SNCT cumprem, inclusive, a função de difundir o conceito e a importância da divulgação científica e, assim, podem ser uma ferramenta valiosa para que tenhamos mais cientistas trabalhando nessa área, mais projetos apresentados e, consequentemente, mais apoio das agências de fomento”, finalizou.
O que é divulgação científica?
Para a Coordenadora do CA-DC, a Profª. Silvania Sousa do Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é fundamental que seja bem entendido o conceito de divulgação científica, pois o termo ganha sentidos muito diferentes entre os pesquisadores que usam tal expressão. Para ela, “a divulgação está ligada a uma prática social de mobilização de diferentes recursos, técnicas, veículos e canais de promoção da circulação, fora da esfera de produção científica, de informações da área de ciências e tecnologia”.
Silvania explica, ainda, que é importante apontar a diferença entre divulgação das ciências, considerada um processo mais amplo realizada por cientistas ou não, da popularização das ciências. “Essa última utiliza dispositivos específicos para aproximar tal produção da linguagem de massa visando atingir o grande público. Já a comunicação científica é aquela realizada entre especialistas e diz respeito à circulação de informações científicas e tecnológicas para um público específico de determinada área”.
Quanto ao Comitê de Divulgação Científica, segundo a professora, ele enfrenta uma demanda crescente de novos problemas de pesquisa, mas um déficit com a comunidade de pesquisadores. Isso se deve, segundo ela, entre outras coisas pelo fato de que, apenas em 2013, teve início a concessão de bolsas de Produtividade em Pesquisa para essa área. “Ainda temos muitos desafios para a consolidação da área e para o aprimoramento de uma política de monitoramento e financiamento da divulgação científica no Brasil”, reforça.
Para Silvania, entre as muitas iniciativas como os Prêmios, as chamadas de mobilização temáticas e de fomentos, a Semana Nacional na categoria de evento deve ser a de maior impacto nacional. “Como um evento de divulgação científica a Semana Nacional ocupa um papel importante de mobilização e difusão, que precisa ser assegurada a continuidade para entrada na agenda nacional de cada município e a participação de diferentes nichos da sociedade”, aponta.
Por fim, Silvania lembra que o Brasil é um país de muitas diferenças regionais e muitas lacunas. Não é diferente no campo da produção do conhecimento científico e das oportunidades de mobilização sócio-cultural desse conhecimento. “No meu entender temos ainda de fazer um esforço para a mobilização da sociedade civil em torno da discussão do papel social das ciências e das tecnologias”, finaliza.
Para o presidente do CNPq, Prof. Mario Neto Borges, aliar a popularização da ciência junto à sociedade e incentivar o trabalho científico no âmbito da divulgação é a chave para tornar a pesquisa científica e tecnológica um valor para a sociedade e, assim, fazê-la compreender e apoiar um maior investimento na área. “Divulgar a ciência é imprescindível para a sociedade entender que as soluções dos problemas do país partem, substancialmente, da pesquisa científica, tecnológica e de inovação”, finaliza.
(Coordenação de Comunicação Social do CNPq)