Metade dos novos cientistas desiste antes dos primeiros cinco anos nos EUA

Metade dos cientistas que buscam seguir carreira como pesquisador em alguma instituição de ensino superior desistirá antes dos primeiros cinco anos. E não estamos falando do Brasil: o número é resultado de uma pesquisa realizada na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

O estudo acompanhou mais de 100 mil carreiras científicas ao longo de 50 anos, e revelou também que cresce a “força de trabalho temporária” entre técnicos de laboratório, associados de pesquisa, pesquisadores de pós-doutorado e outros cientistas de apoio.

“Entre 1960 e 2010, descobrimos que o número de cientistas que passaram toda a sua carreira acadêmica como cientistas de apoio — em vez de cientistas do corpo docente — subiu de 25% para 60%”, disse Stasa Milojevic, que liderou o estudo, ao Phys.org.

Além da queda acentuada na progressão da carreira, a análise revelou um aumento de 35 pontos percentuais no número de cientistas que nunca foram creditados como autor principal do estudo.

Em um campo onde o avanço na carreira muitas vezes depende da necessidade de “publicar ou perecer” disse Milojevic, o aumento acentuado de pesquisadores que nunca fizeram uma publicação é impressionante.

“A academia não é realmente criada para fornecer aos cientistas de apoio oportunidades de carreira a longo prazo”, disse ela. “Muito deste trabalho costumava ser realizado por estudantes de pós-graduação, mas agora é típico contratar um ‘pós-doutorado’ — uma posição que praticamente não existia nos EUA até a década de 1950, mas desde então se tornou um pré-requisito virtual para cargos no corpo docente em muitos campos.”

Segundo a pesquisadora, o número de pessoas com doutorado cresce de maneira desproporcional com as vagas de emprego. “Mudanças nas métricas usadas para recompensar o desempenho nas universidades, ou o estabelecimento de mais institutos governamentais focados em pesquisa pura, como potenciais soluções para essa questão”, sugere, mas com ressalvas. “No final, acho que essas questões precisarão ser abordadas no nível político. Este estudo não fornece uma solução, mas mostra que o número de cientistas que deixam a academia não está diminuindo.”

(Revista Galileu)