UFCG COMANDA GUINADA PARAIBANA EM RANKING NACIONAL

A Paraíba é atualmente o oitavo Estado brasileiro com maior número de registro de patentes, e o segundo que mais produziu quando levado em consideração o ranking da Região Nordeste. Isso significa que o Estado cresce a cada dia em âmbito acadêmico e industrial, e a Universidade Federal de Campina Grande tem participação direta e efetiva nessa evolução.

“Os dados mostram, antes de tudo, a qualidade nos esforços de pesquisa e inovação realizados na Paraíba. A partir do momento em que se busca o registro formal do trabalho de pesquisa, existe uma tendência de que ele evolua, alcance resultados e aplicações reais na sociedade, práticas, e contribua para promover o desenvolvimento econômico e social do Estado. Além disso, registrar é garantir a propriedade intelectual aos que desenvolvem todo o trabalho”, explicou o professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Química da UFCG, Nilton Silva.

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Nilton é também coordenador do Núcleo de Inovação e Transferência Tecnológica (NITT). Esse projeto contribuiu decisivamente em favor dos números positivos alcançados pela Paraíba. Para se ter uma ideia, em 2017, foram contabilizados 203 pedidos de registro de patentes no Estado. Desse total (que, no Nordeste, está abaixo apenas do observado em Pernambuco, onde foram solicitadas 223), 80 foram guiadas pelo NITT. Isso equivale a aproximadamente 40% da produção estadual.

Os números são ainda mais alarmantes se comparados aos anos anteriores. Em 2014, a Paraíba registrou apenas 42 patentes e ocupava a modesta quinta colocação na região. No biênio seguinte, foram 53 e 80, respectivamente. Aumento constante, porém ainda pouco expressivo em relação à guinada recente.

O ano de 2017 representou um aumento de 153,75% em relação a 2016, e de aproximadamente 380% em relação a três anos antes. É fácil dimensionar a importância do feito: o segundo Estado que mais cresceu, o Ceará, registrou uma variação positiva de 62%.

Mas o que é o NITT afinal? “De forma simples, é um setor que faz o registro das propriedades intelectuais geradas na UFCG. É uma espécie de escritório de patentes e marcas”, explica seu coordenador. Em outras palavras, trata-se de um instrumento facilitador para que os pesquisadores acessem e tenham informações sobre documentos, custos, bem como o passo a passo de todo o processo. E mais que isso: através de constantes palestras (dentro e fora da UFCG) e da proximidade com os laboratórios da Universidade, o NITT atua ainda, além de ensinar e orientar trâmites burocráticos, como um motivador. Não são poucos os pesquisadores que revelam: antes, a preocupação com o registro passava despercebida; hoje, entende-se como nunca sua importância, além de ter-se desmistificado a impressão do desgastante processo que poderia ser tal registro. “Ficou muito mais acessível, nós nem sabíamos que era assim, e terminávamos tendo certo receio ou indisposição para nos preocupar com essas questões burocráticas. Achávamos que terminaríamos por perder tempo e nos afastar de nosso objetivo principal, que é a pesquisa em si e a importância e aplicação de seus resultados”, revelou um desses pesquisadores.

 

*** Neste vídeo, é possível ter uma noção ainda melhor do trabalho realizado pelo Núcleo: https://vimeo.com/244749300 ***

 

Fato é que a satisfação e os números permitem sonhar ainda mais alto. Segundo o coordenador do Núcleo, para este ano a meta é pontual: assumir a liderança do Nordeste. “Temos uma previsão de pelo menos 120 registros feitos em 2018, um crescimento de 50% em relação a 2017. Fechamos maio acima do ano passado e estamos otimistas que alcançaremos os objetivos”, projetou Nilton, lembrando que, embora seja razoável considerar que todos os estados também devem progredir, de alguma forma, a diferença entre PE e PB no ranking (respectivamente, 1º e 2º colocados) ficou por apenas 20 registros.

Em números: a contabilização atual, somente até o mês de maio, feita pelo NITT, revela uma solicitação de 36 patentes; em 2017, na mesma época, registravam-se 13.

PROJETO AUXILIAR – O OBITEC

Em 2017, o NITT recebeu um reforço de peso na atuação dentro da área de inovação. É que foi criado, também sob orientação do coordenador do Núcleo, o Observatório de Inteligência Tecnológica (Obitec). “É um projeto de prospecção tecnológica. Sabemos que existe um potencial enorme de criação e geração de soluções inovadoras em Campina Grande. Por outro lado, também existe o desconhecimento por parte do setor produtivo local desse potencial. O Obitec, assim, tem por objetivo ligar o setor produtivo às instituições de pesquisa do Estado para o fomento de projetos. A iniciativa visa dar suporte a essa falha no ecossistema de inovação da nossa região”, explicou Nilton, coordenador do NITT e criador do Obtec.

Um exemplo prático. Imagine que uma empresa de produção de plástico esteja enfrentando problemas com dejetos, poluindo o meio ambiente, mas sem saber como solucioná-lo. Essa empresa pode entrar em contato com o Observatório, que por sua vez, vai fazer uma busca ampla em seu portfólio de produção de pesquisas e inovação – que ultrapassam as barreiras da Universidade – para investigar o que está sendo estudado e desenvolvido sobre o tema, como o setor acadêmico pode colaborar efetivamente com o campo industrial, atendendo assim à demanda.

Encontrando produção relacionada, a atuação do Observatório funciona em etapas. Verifica-se o potencial de geração de tecnologia; avança-se para a redação da patente. Com o auxílio do NITT, procede-se ao registro. E então, o Obitec realiza sua derradeira missão, o monitoramento e acompanhamento dessa relação.

“São projetos conjuntos, que sem dúvidas estão intimamente relacionados com o crescimento do nosso Estado no cenário da Tecnologia e Inovação. Estamos felizes por fazer parte disso. E, mais do que números, nossa ideia é realmente fazer diferença na sociedade. Depois que se registra uma patente, a pesquisa vai de um ativo científico para um ativo econômico e social. Passa a ter força e visibilidade. Empresas notam, demonstram interesse em comprar ou licenciar, e assim o conhecimento vai abrindo espaço para ser efetivamente incorporado na sociedade, gerando valor aos cidadãos”, esclarece o professor.