A ciência “é a primeira a ser cortada”, diz presidente do CNPq

Mario Neto Borges atribui o corte de verbas à falta de prioridade dada à pesquisa no País, principalmente em tempos de crise

 

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou recentemente que atingiu o teto orçamentário e só conseguirá manter o financiamento de pesquisas no País até setembro.

O maior centro de financiamento da ciência no País tinha um orçamento previsto de 1,3 bilhão para 2017. Em abril, o governo federal anunciou, porém, um contingenciamento de 44%, o que impediu a injeção de 572 milhões de reais na área.

Desde 2015, o orçamento da autarquia começou a diminuir. Hoje, o CNPq precisa de 405 milhões de reais para fechar as contas até o fim do ano.

No Brasil, para cada 1 milhão de pessoas, apenas 700 são cientistas. Enquanto a média na Europa beira a 7.000 cientistas na mesma quantidade, dez vezes mais.

Durante a crise de 2008, países como Coreia do Sul, Estados Unidos, China e a União Europeia passaram a investir mais em ciência e tecnologia, chegando a atingir 4% do PIB.

No Brasil, Michel Temer segue na direção oposta. Ao assumir, em 2016, o peemedebista juntou o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações com o das Comunicações, uma mostra da menor prioridade da área em seu governo. Em seguida, vieram os cortes. O Ministério já chegou a ter um orçamento anual de 10 bilhões de reais. Começou com 7 bilhões, mas após os sucessivos contingenciamentos, gira em torno de apenas 2,5 bilhões atualmente.

Em entrevista a CartaCapital, o presidente do CNPq, Mario Neto Borges, atribui o contingenciamento à falta de prioridade dada à ciência no País, principalmente em tempos de crise. “Ciência ainda não é um valor para a sociedade brasileira”, afirmou.

(Jornal da Ciência da SBPC)