Competição e crescimento profissional: uma disputa onde só há vencedores

“Horários inflexíveis, recursos limitados, ambiente insalubre, trabalho sob pressão, manejo de equipamentos potencialmente perigosos, levantamento de carga [NOS BRAÇOS], sem direito a férias, faltas ou licença, e com remuneração equivalente a zero.”

Com essa brincadeira, foi iniciada a palestra de abertura do 14º SAE BRASIL – Região Nordeste, que acontece durante todo este fim de semana, em Salvador, na Bahia. A analogia com um posto de trabalho desproporcionalmente rigoroso foi a maneira que a comissão organizadora do evento encontrou de enaltecer os estudantes que participam da competição. Ao final, o instrutor ainda provoca: “Quem se candidataria a essa vaga de emprego?”.

A pergunta, no entanto, não passava de uma brincadeira, pois já tinha resposta certa: todos os presentes se “candidataram” a tal vaga quando decidiram participar, cada um em sua instituição de ensino, do projeto BAJA.

“Realmente são horas e horas de trabalho, sem feriados, parece que nunca está 100%. Sem contar nos desgastes da viagem para competir, na tensão das provas, nas decepções quando não se alcançam os resultados pretendidos, nas dificuldades do trabalho coletivo. Não é o emprego mais fácil do mundo”, brincou o estudante de Engenharia Mecânica Agnélio Júnior, membro da Equipe Parahybaja, da Universidade Federal de Campina Grande. Ele e Téssio Alexandre apresentaram o projeto técnico do grupo perante a comissão organizadora.

Mas então por que 22 equipes de todo o Nordeste, cada uma com cerca de 20 membros, estão presentes ano após ano com todo esse entusiasmo? A resposta está na ponta da língua de todos os alunos: “estamos porque isso aqui não é só uma competição”.

E de fato não é. O SAE Brasil é uma oportunidade de crescimento. Alunos interagem com futuros colegas de profissão, professores, profissionais e até empresas. Têm a experiência de aplicar, colocar em prática os conhecimentos aprendidos em sala de aula. É um verdadeiro celeiro de grandes engenheiros, que atrai a atenção de grandes multinacionais do Brasil e do mundo.

A UFCG é uma prova disso. Entre os vários destaques que poderiam ser citados, dois ex-alunos do CCT são referência nesse assunto. Um deles é Francivaldo Lemos. Ícone para todos os atuais integrantes da Parahybaja, ele alçou postos de trabalhos em grandes companhias, como Volkswagen, Mercedes, Volvo, Ford. Hoje, vive na Itália, atuando como engenheiro da Iveco, uma das principais fabricantes de veículos pesados, caminhões, ônibus e utilitários leves no mundo.

Glauber Arruda é outro exemplo. Ex-aluno do CCT, além de ex-integrante e capitão do Baja, foi também em eventos como esse que criou sua bagagem profissional. Contamos um pouco dessa história AQUI, passos que o levaram bem longe: hoje Glauber trabalha na França. Saiu do Brasil em 2017, quando assumiu o posto de Engenheiro NVH (área de ruído e vibração) em uma das maiores fornecedoras automotivas da atualidade e líder francesa no segmento inovação, a Valeo S.A.